A agricultura europeia vive um momento decisivo e pressões por maior produtividade convivem com exigências crescentes de sustentabilidade. Um estudo recente da União Europeia chama atenção para a profundidade desse dilema: a transição ecológica, as mudanças climáticas, a necessidade de preservar recursos naturais e a urgência de garantir segurança e soberania alimentar convergem num ponto sensível que é possível produzir mais, mas também é indispensável produzir melhor.
Segundo o estudo "Diálogo Estratégico sobre o Futuro da Agricultura da UE," a UE reconhece que o modelo agrícola atual enfrenta limites estruturais. Por um lado, existe a necessidade de manter a competitividade e responder às expectativas de abastecimento; por outro, a pressão por práticas que protejam solos, biodiversidade, água e clima.
Esse equilíbrio torna-se ainda mais complexo diante do envelhecimento da população agrícola europeia e da dificuldade de renovar gerações no campo. A modernização é inevitável, mas não pode aprofundar desigualdades: tecnologias digitais, inovação e transição ecológica precisam ser acessíveis não apenas a grandes explorações, mas também aos pequenos e médios produtores que sustentam grande parte da agricultura europeia.
O relatório também destaca tensões econômicas e sociais. Não basta produzir de forma sustentável: é necessário que os agricultores recebam uma remuneração justa pelo seu trabalho, garantindo a viabilidade econômica das explorações e fortalecendo o tecido produtivo rural.
O debate sobre transparência, cadeias curtas, modelos cooperativos e práticas comerciais mais equitativas surge como parte essencial desse futuro. A UE indica ainda que a Política Agrícola Comum (PAC), especialmente na sua revisão pós-2027, deverá incorporar de forma mais explícita esses desafios, propondo incentivos para práticas agroecológicas, inovação tecnológica, economia circular e mecanismos de apoio mais robustos para jovens agricultores.
Em suma o estudo aponta para um futuro agrícola que exige visão sistémica: produtividade e sustentabilidade já não são polos opostos, mas dimensões complementares de um mesmo desafio estratégico.
Para o setor agroalimentar — e para quem nos acompanha na Verakis Food Academy — esse movimento reforça a importância de conhecimento atualizado, capacitação contínua e compreensão das tendências regulatórias e de mercado que irão moldar o futuro da alimentação na União Europeia.
A construção desse novo paradigma passa por políticas públicas bem estruturadas, mas também por profissionais capacitados, preparados para inovar e atuar com responsabilidade.
Fonte: Strategic dialogue on the future of EU agriculture
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