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Exagero é prejudicial à saúde.

Os alimentos disponíveis em nossas prateleiras estão cumprindo o necessário, (o mínimo) exigido pelos órgãos reguladores, mas sempre encontram uma brecha na legislação para entregar menos do mais e mais do menos.

Mostrar o lado positivo da indústria de alimentos nos dias de hoje não é uma tarefa fácil.

O que transparece é que algumas empresas olham somente para si e não se preocupam quais as consequências do consumo de seus produtos.

A confusão está formada = uma indústria que não tem um discurso transparente +  influenciadores digitais sensacionalistas e simplistas + uma população inadequadamente advertida.

Muito se tem dito que alimentos industrializados e embalados, não são dignos de serem chamados de comida de verdade. Depois de tanto esforços e pesquisas sobre tecnologicas, nos deparamos com um setor (agroalimentar) que está sendo visto, quase que como assassino. Um exagero! Pois o aumento de escala e distribuição, melhor conservação e garantia da segurança dos alimentos, é uma conquista valiosa para o ser humano em termos de desenvolvimento.

 Com a dramatização da alimentação e da relação dos alimentos com a saúde, profissionais da área têm sido formadores de opinião importantes, considerados como legítimos no assunto. Mas qual o papel de um profissional da saúde quando simplesmente diz que tudo que vem sendo produzido em escala industrial vai te levar a morte?  E como será que iremos nos organizar sem a industrialização dos alimentos?

É claro, que não existem alimentos 100% bons ou 100% maus. Isso faz parte do equilíbrio. E, sair de um extremo e ir a outro é como não sair do lugar. A indústria de alimentos tem uma tarefa grande pela frente, e quem pode mudar esse jogo é o consumidor, informado e sensato.

Em resposta ao post sensasionalista e radicalíssimo, organizamos uma apresentação breve dos alimentos pela autora (do post polêmico) condenados.

Farinha láctea: Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico, açúcar, leite em pó integral, vitaminas e minerais, sal e aromatizante.

Produto seco! Não precisa de conservante!

A farinha láctea foi desenvolvida para alimentar crianças com dificuldades digestivas no século 19. Foi muito utilizada em países subdesenvolvidos para aumentar o aporte calórico de lactentese crianças em idade pré escolar.

OK! Com o desenvolvimento de novos produtos, o consumo inadequado deste cereal refinado com açúcar e leite em pó, e o estado nutricional de certas populações, não há necessidade de consumir este produto, mas é quase um ato de má fé dizer que o produto é um “mix de açucar, farinha de trigo, aromatizantes e conservantes”.

Gelatina - São obtidas através de hidrólise parcial do colágeno contido em matérias-primas de origem animal, especialmente pele de porco, couro e ossos de bovino; Com a adição de corantes e aromatizantes, aprovados pela legislação brasileira.

Sim partes de animais, não comumente consumidas em preparações culinárias, mas não vísceras, pois delas não se extrai colágeno.  E quem disse que víscera não é comida?

E quanto a gelatina não amentou o apetite de pessoas hospitalizadas? Quanto ela não nos ajudou na hora de compor dietas semilíquidas?

Trocar a gelatina de caixinha pela incolor é quase a mesma coisa, ela também é feita de colágeno de origem animal.

Club social/nesfit/belvita – Biscoitos doces ou salgados, com mix de farinha, açúcar, gordura e sal. Como todos os biscoitos, inclusive os caseiros e são ingredientes básicos da nossa alimentação.

Biscoito! Para comer em momentos especiais, quando não podemos transportar nada muito fresco. Quando saímos do mar, ou da aula de natação cheios de fome.

Bolacha água e sal/maisena – Clássicos! Produzidos a partir de farinha de trigo, com ou sem açúcar, assados ao forno.

Quantas crianças nascida nos anos 70, 80 e 90 comeram bolacha de maisena na hora do lanche e são saudáveis!

Leite em pó – Uma tecnologia de secagem para retirar a água existente e aumentar a durabilidade do leite fresco. Este processo é utilizada graças aos resultados das pesquisas para manter o valor nutricional e características sensoriais no produto final.

Leite em pó ainda é o mais seguro para todos os bezerros de plantão. O consumo de leite mal manejado já adoentou muita gente.

Sucrilhos – Flocos de cereais, não somente milho... Com uso de açúcar em formato de xarope, para que o mesmo tenha aderência na superfície do cereal. O processo se dá através de cozimento, secagem e laminação, tecnologia essa, para que se tenha um produto crocante no momento do consumo.

O fato dos cereais serem “transgênicos” é mais uma tecnologia utilizada para a produção e aumento de escala, não tem a ver com assassinato em massa.

Bisnaguinha – Também conhecido como pãozinho de leite, fica melhor assim? Todos os pães macios como elas contém maior quantidade de gordura para garantir a maciez e sabor. Isso não é característica exclusiva das bisnaguinhas encontradas nas prateleiras de supermercados.

Sucos clight – Refresco em pó. Mistura de açúcar e/ou adoçantes, corantes, aromas, com no mínimo 1% de polpa de fruta desidratada segundo a legislação brasileira.

Junk food sim! Mas está longe de ser um pózinho com instigadores da produção de células cancerígenas! O desenvolvimento do câncer é complexo...

Adoçantes artificiais/sucralose – Substitutos de açúcar! Moléculas naturais ou artificiais com dulçor muito mais intenso que a sacarose, e que permite que assim a substituição do açúcar, por quantidades muito menores.

Não existe somente a sucralose. Ainda bem que eles existem! Ajudam muitos e muitos diabéticos.

Que eles sejam utilizados para o emagrecimento é outro papo que levaríamos muito mais linhas para discutir.

Sucos de caixinha – Existe uma legislação que define as bebidas entre néctar, refresco, bebidas mistas e sucos. E nem todos são sucos, e o que os classifica é a quantidade de polpa de fruta.

O consumo exagerado de qualquer coisa e inclusive de sucos naturais de fruta têm efeitos negativos. Mas na correia do dia a dia um bom suco 100% fruta quebra um galhão!

Coca cola, H2O e afins – Xarope de açúcar, aromas, corantes, conservantes, e em alguns casos polpa de fruta.

Junk food também! Consumido com moderação, como o vinho e a cerveja...

Nuggets – Segundo definição do MAPA Entende-se por Empanado (os nuggets) o produto cárneo industrializado, obtido a partir de carnes de diferentes espécies de animais de açougue, acrescido de ingredientes, moldado ou não, e revestido de cobertura apropriada que o caracterize. Sem mais!

Margarina – Mistura de óleos que passam por processamento modificação de sua consistência. Com adição de corantes, aromas e conservantes para que se aproxime sensorialmente da manteiga.

Para algumas receitas margarina, para outras manteiga.

Para algumas dietas margarina, para outras manteiga.

Felizmente com a alimentação: TUDO DEPENDE.

E para acabar “o que é comida de verdade”? É a que você come ou a que eu como? É a que se come no Brasil ou na Costa do Marfim?

Luciana Monteiro - Engenheira de Alimentos (Campinas, 27 de fevereiro de 2018)

Juliana Grazini dos Santos - Nutricionista, Doutora em Informação e Comunicação. (Paris, 27 de fevereiro de 2018)