Em junho de 2025 o Alto Conselho de Saúde Pública (HCSP) da França publicou o seu relatório de recomendações para a elaboração do 5.º Programa Nacional de Nutrição e Saúde (PNNS 5), que cobrirá o período de 2025 a 2030.
O documento propõe uma nova abordagem da política pública de alimentação na França, baseada em três grandes orientações: a vegetalização da alimentação, o combate aos contaminantes e a promoção de ambientes alimentares mais saudáveis e sustentáveis.
O relatório destaca que o PNNS 5 deverá incentivar de forma mais forte os regimes alimentares equilibrados e sustentáveis, com maior predominância de alimentos de origem vegetal. Isso implica reduzir o consumo de carne vermelha e de produtos de charcutaria, ao mesmo tempo em que se promove o uso de leguminosas, cereais integrais, frutas, legumes e frutos secos, de preferência produzidos localmente e de acordo com critérios ambientais. O HCSP também recomenda que as dimensões ambientais – como o impacto climático, o uso do solo, a preservação da biodiversidade e o consumo de água – sejam incorporadas nas orientações nutricionais oficiais.
Para o setor agroalimentar e gastronômico, essas mudanças significam uma evolução importante. A oferta de produtos e pratos precisará refletir esse novo equilíbrio, dando espaço a ingredientes vegetais e receitas sustentáveis, sem comprometer o sabor ou a experiência gastronômica. Na formação profissional, torna-se essencial incluir conteúdos que relacionem nutrição, sustentabilidade e prazer alimentar — uma abordagem que dialoga diretamente com a missão da Verakis Food Academy, que busca unir ciência, inovação e cultura alimentar.
Outro ponto central das recomendações do HCSP é a criação de um ambiente alimentar mais regulado, no qual o acesso a alimentos saudáveis e a informação nutricional de qualidade sejam garantidos. O relatório sugere avançar para além das simples campanhas de comunicação, estabelecendo políticas mais estruturantes, como a limitação do marketing de produtos ultraprocessados, a redução do sal, do açúcar e das gorduras saturadas nos alimentos industrializados, e o reforço das políticas de reformulação. Ao mesmo tempo, o HCSP propõe investir em educação alimentar e física desde a infância, em ambientes escolares e comunitários, de modo a promover hábitos duradouros.
Essas orientações impactam diretamente a formação e a atuação dos profissionais do setor. Para a Verakis Food Academy, isso representa uma oportunidade de preparar especialistas capazes de compreender as novas exigências do contexto alimentar: da reformulação de produtos à comunicação responsável, passando pela criação de menus equilibrados e sustentáveis. Cursos e workshops dedicados à “alimentação sustentável”, à “reformulação de produtos” ou à “gastronomia responsável” tornam-se ainda mais relevantes.
O relatório também enfatiza a importância de integrar a nutrição às dimensões sociais e territoriais. A luta contra a insegurança alimentar e a promoção da equidade no acesso a alimentos de qualidade aparecem como eixos prioritários do PNNS 5. Garantir que todos possam se alimentar de forma saudável e sustentável, independentemente de renda ou local de residência, é um dos desafios mais ambiciosos do programa. Isso implica fortalecer a governança territorial, desenvolver indicadores comuns e promover a cooperação entre atores públicos e privados, desde a produção até o consumo.
Essa visão reforça o papel da formação e da inovação social no campo alimentar. Profissionais do setor precisam ser capazes de atuar em contextos diversos, desenvolvendo soluções que conciliem saúde pública, acessibilidade e sustentabilidade. Projetos de alimentação escolar, comunitária ou territorial, por exemplo, ganham relevância como espaços de experimentação e transformação.
As recomendações do HCSP para o PNNS 5 anunciam, portanto, uma mudança de paradigma: combinar saúde e sustentabilidade, prazer e responsabilidade, nutrição e equidade. Para o setor agroalimentar, para a gastronomia e para a formação profissional, trata-se de uma oportunidade de alinhar práticas e conhecimentos com as grandes tendências da política alimentar contemporânea.
Fonte : “Recommendations for the Development of the 5th National Nutrition and Health Program (PNNS)”
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