
Afinal, quem os franceses estão ouvindo para saber como comer bem? Os resultados desta pesquisa podem te surpreender
Num mundo onde cada influencer tem uma “dieta milagrosa” e cada produto promete salvar sua saúde (e o planeta), os franceses estão cada vez mais preocupados com o que colocam no prato — mas também mais confusos do que nunca. É o que mostra a 4ª edição do Barômetro do Espírito Crítico, conduzida pela Universcience com a OpinionWay, que entrevistou mais de 2.600 pessoas em março de 2025.
A boa notícia? A paixão pela comida continua firme: 72% adoram cozinhar, 75% tentam manter uma alimentação equilibrada e 80% consomem frutas e legumes com frequência. A má notícia? Ninguém sabe mais em quem confiar.
A pesquisa revela uma verdadeira divisão alimentar no país: 56% ainda seguem a dieta onívora tradicional (principalmente nas zonas rurais), mas nas cidades, quase metade já adota práticas como vegetarianismo, veganismo ou flexitarianismo. E os jovens estão na linha de frente: 1 em cada 4 pessoas entre 18 e 24 anos já adotou uma alimentação vegetal, movida por razões éticas e ambientais.
E de onde vêm as informações? Da internet? Dos médicos? Das redes sociais? Não exatamente. A principal fonte continua sendo o “boca a boca”: 54% confiam mais no que dizem amigos e familiares do que em qualquer autoridade científica. A internet (fora das redes sociais) vem em segundo lugar (50%), e os profissionais de saúde aparecem só em terceiro (30%). Mas quando o assunto é confiança, os médicos ainda lideram (79%), seguidos de perto pela família (72%) e por instituições públicas como o Inserm (71%). Já a indústria alimentícia... mal atinge 28%.
E os vegetarianos e veganos? Estes preferem confiar nos apps de celular como Yuka e OpenFoodFacts — mais do que nos médicos, inclusive.
Mas o dado mais alarmante talvez seja este: 56% dos franceses admitem que “não sabem mais em quem acreditar”. Entre os jovens, o número sobe para 65%. E é aí que as fake news e os mitos alimentares fazem a festa: 58% ainda acreditam em dietas detox, 37% juram que suplementos alimentares fazem milagres, e 34% acham que homens precisam de mais carne vermelha do que mulheres. Spoiler: não precisam.
Apesar disso, a confiança na ciência permanece alta (78%), embora o interesse por temas científicos esteja em queda, especialmente entre os mais jovens. A lição aqui é clara: precisamos urgentemente repensar como falamos sobre alimentação — principalmente com as novas gerações, que querem fazer o certo, mas estão sendo bombardeadas por ruído, desinformação e promessas milagrosas.
Fonte: Baromètre de l'esprit critique
Imagem: Freepik