O “Ovo Circular”: inovação e sustentabilidade na cadeia agroalimentar

O “Uovo Circolare”, desenvolvido pela Azienda Agricola Fantolino em parceria com a UNISG na Itália, aplica a economia circular à produção de ovos, transformando resíduos agroalimentares em alimento para larvas que compõem parte da ração das galinhas poedeiras. O projeto reduz desperdício, promove bem-estar animal e incorpora pesquisa científica para melhorar a qualidade do produto. Mais do que um ovo, ele simboliza a transição de uma economia linear para uma regenerativa, integrando sustentabilidade, inovação e responsabilidade social.

A busca por sistemas alimentares mais sustentáveis e eficientes tem inspirado projetos inovadores em toda a Europa — e o “Uovo Circolare”, desenvolvido na Itália, é um excelente exemplo dessa transformação.

Criado pela Azienda Agricola Fantolino em parceria com a Università di Scienze Gastronomiche di Pollenzo (UNISG), o projeto aplica os princípios da economia circular à cadeia produtiva do ovo. Seu objetivo é simples, mas ambicioso: transformar resíduos agroalimentares em novos recursos, reduzindo o desperdício e promovendo uma produção mais responsável.

O modelo começa com a coleta de subprodutos vegetais provenientes da indústria alimentar — cascas, restos de moagem, resíduos de frutas e legumes, entre outros. Esses materiais, que normalmente seriam descartados, passam a ser utilizados para alimentar larvas da mosca-soldado negra (Hermetia illucens). As larvas, ricas em proteína e gordura, são então incorporadas (em cerca de 4%) à ração das galinhas poedeiras criadas no chão, em sistemas que respeitam o bem-estar animal.

O resultado é um ovo produzido dentro de um ciclo virtuoso, no qual cada unidade representa a recuperação de aproximadamente 60 gramas de subprodutos vegetais — um pequeno gesto com grande impacto ambiental.

Além da lógica circular, o projeto se baseia em pesquisa científica e inovação tecnológica. Estudos conduzidos pela UNISG mostram que a inclusão de larvas na dieta das galinhas pode melhorar a microbiota intestinal e reduzir o estresse comportamental, contribuindo tanto para a qualidade do produto quanto para o bem-estar das aves. O “Uovo Circolare” também reforça a importância da colaboração entre produtores, pesquisadores e distribuidores — um modelo de integração que fortalece o setor agroalimentar e amplia a transparência para o consumidor.

Mais do que um novo produto nas prateleiras italianas, o “ovo circular” simboliza uma mudança de paradigma: a passagem de uma economia linear — produzir, consumir, descartar — para uma economia regenerativa, na qual resíduos se transformam em novos recursos.

Para a Verakis Food Academy, esse tipo de iniciativa é importante para  o futuro da inovação agroalimentar, onde sustentabilidade, ciência e responsabilidade social caminham juntas para redesenhar a forma como produzimos e consumimos alimentos.

Fontes: Fantolino (www.fantolino.it); Università di Scienze Gastronomiche di Pollenzo (UNISG); Food Times; Agenfood; EFA News.

Imagem: Freepik